Crítica a "O Nevoeiro que Desvendou Realidades":

"Sofia Vilarigues é conhecida do público português que se interesse por literatura infanto-juvenil mas em O Nevoeiro que Desvendou Realidades está num registo muito diferente que se apropria do estilo do realismo mágico para contar uma história de amor, desencontros e encontros, equívocos e passados com pontas por atar.
Tudo acontece na Ilha Pequena “que assim se chamava mas era a maior do arquipélago” e logo de início somos transportados para um mundo distante da nossa realidade e onde as palavras são, também elas, personagens de corpo inteiro. A língua, os dialectos, a comunicação e a falta dela representam o universo insular de contradições em que se movimentam os protagonistas deste pequeno mas maravilhoso conto. Como a certa altura escreve Vilarigues, “as duas últimas falantes da Língua Antiga não falavam entre si.” E nesta frase resume-se de forma perfeitamente cristalizada o espírito de toda a narrativa. A pouco e pouco Vilarigues vai tecendo uma manta de pequenas histórias, de encontros fortuitos e outros menos conspícuos, elevando subtilmente a tensão que desencadeará o dramático mas redentor clímax numa cena digna dos melhores autores do realismo mágico. Pela beleza poética das descrições que criam uma atmosfera que apenas quem já tenha vivido numa ilha poderá apreciar na sua totalidade, pelo sentimento docemente feminino que emana do conto e nos infunde duma serenidade etérea e acima de tudo pela perfeição da escrita não hesito em considerar este o terceiro melhor conto da antologia."

Ricardo Loureiro (Thanatos Thanabur)